"A ROSA" **
Era meio dia naquele dia,
e quase ninguém a via,
nem recolhia...
Jogada, esquecida
ali, no asfalto,
no chão,
coração em sobressaltos:
'tão perto estou dos saltos'
naquele tremendo calor,
sentindo já falta de ar,
de sua sede matar
mas, muito mais, de amor.
....
Sem saber a razão,
viu-se ali perdida,
aviltada, tão sentida!
No seu pranto,
a emoção do desencanto,
e, de tristeza, assim vencida.
Entanto, em verdade,
o que esta flor nem mesmo sabe
- acho até que riria, se soubesse -
é que ela empresta, destarte,
uma incrível Arte... e Dignidade
ao insensível chão que a contém.
O asfalto - que a detém -
é cinza, impassível e duro,
um muro, sem piedade ou dó.
Mas,vejam só:
Ela, tão pequena, ali jaz
sem qualquer frivolidade,
sem prosa, nem poesia ...
só com sua Majestade
- alma nunca finda!!! -
um último presente lhe faz:
e, na distante calçada - tão fria
- muito brilhante - e isso vemos ainda:
sangra o vermelho mais puro
dessa ROSA pura e linda!!!
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Silvia Regina Costa Lima
6 de março de 2008
**Poema construido a partir da imagem da foto.